segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Vídeos na Educação?

Como eu já havia recordado em um post anterior, segundo muitos “uma imagem vale mais que mil palavras”. A mensagem desse dito popular de autoria desconhecida é de fácil compreensão tanto para leigos, como para publicitários e até mesmo para profissionais da ciência da informação. Mas será que é verdade? Será que o uso do recurso visual facilita tanto a transmissão de uma idéia? Diante desse questionamento, hoje vamos falar, então, do uso do vídeo como fonte de informação: como ele pode ser uma ferramenta auxiliar da construção do conhecimento e, ainda, analisar se seu auxílio realmente facilita esse processo.
Em primeiro lugar, o que é o vídeo afinal? Segundo ROZADOS (2009?), vídeo vem do latim videre, eu vejo, e significa, nos dias de hoje, uma gravação de imagens em movimento, isso é uma imagem animada resultante de processos de armazenamento eletrônicos. Percebam que o conceito de vídeo apresentado nos remete à idéia não só de uma imagem, mas também de movimento. Para prender a atenção do receptor da mensagem, tão interessante quanto a imagem em si, é a seqüência de imagens ou movimentos que são exibidos junto com a idéia central que for apresentada. Dallacosta et al (2004?) salientam ser fundamental que sejam utilizados elementos do cotidiano dos espectadores para a construção do conhecimento, o que leva esses autores a concluir que é indispensável a utilização de vídeos na atualidade. A conclusão dos autores faz todo o sentido quando verificamos que os profissionais da ciência da informação já se renderam ao encanto da apresentação visual inclusive como forma de divulgar seu trabalho. É... Não está fácil convencer um estudante recém saído dos bancos escolares do ensino médio que ser bibliotecário é bacana. As inúmeras referências televisivas e cinematográficas a profissões como médico, advogado, jornalista, entre outras, faz com que a ciência da informação não esteja exatamente revestida de muito glamour (Hollywood ainda não nos descobriu, pelo jeito). Por isso mesmo, interessante a iniciativa descrita por Eggert e Martins (1996) de produzir um vídeo para divulgar a carreira de bibliotecário e conscientizar a sociedade de sua importância. Nossa mensagem não vai ser levada ao público em geral sem difusão e, mais importante, sem algum apelo visual que prenda a atenção do espectador. A atenção e aprendizado envolvem diversos sentidos. Assim, a possibilidade de usar a visão e audição de forma simultânea tende a fazer com que o receptor capte melhor a mensagem que é transmitida. Essa idéia também é confirmada no texto de Caetano e Falkembach (2007?), em que os autores colocam que o vídeo é uma ferramenta poderosa no que se refere à transmissão de informação aos alunos. Esses autores colocam que o aluno assiste aos vídeos de forma passiva, os quais se direcionam mais à efetividade do que à razão, desse modo, a informação transforma-se em conhecimento.
Moran (1995), em seu texto “O Vídeo na Sala de Aula”, apresenta as propostas de utilização de vídeo em sala de aula: sensibilização (provoca a curiosidade do estudante), ilustração (coloca imagem nos textos dos alunos), simulação (de reações químicas, de procedimentos médicos, de experiências), conteúdo de ensino (de forma direta – trata de tema específico - ou indireta – diversas abordagens), produção (documentação, intervenção e expressão), avaliação (do aluno, do professor), espelho (para compreensão de si mesmo) e integração/suporte (com outros meios de comunicação e com outras mídias).
Claro, devemos evitar o caminho mais fácil para atrair a atenção. Senão, estaremos nos igualando às campanhas publicitárias de cervejarias, que invariavelmente usam mulheres bonitas em trajes sumários e alusões ao verão para divulgar seu produto. Como disse MERIGO (2007)), não há ilustração de dados científicos comprovando o sucesso de uma cerveja devido a sua relação com sexualidade, embora esse blogueiro afirme que “um amigo que já trabalhou com a cerveja líder do país”, após intensa pesquisa de campo, lhe disse: “se não tiver cartaz de mulher pelada no ponto-de-venda, vende menos.” O próprio blogueiro indaga: será? Na minha leiga opinião sequer há uma preocupação com a marca nesse tipo de anúncio, pois todas as propagandas são iguais e, no final o público lembra é da Juliana Paes no balcão, e não da marca do produto. O objetivo da campanha é só fomentar o consumo da bebida. Primeiro se convence o indivíduo que “para se dar bem” tem que beber cerveja. A escolha de uma marca, bom, isso se consolida depois tentando exclusividade com o dono do botequim... O desafio no uso do vídeo é, portanto, usar a ferramenta audiovisual com conteúdo, atraindo a atenção do público sem cair no escracho.
Os textos referidos acima, especialmente os de Rozados e Dalacosta et al, dão inúmeras opções de mídias digitais para a confecção de vídeos. Com ferramentas com a página do Youtube na rede digital de computadores (a nossa conhecida Internet) é muito fácil registrar os vídeos que, por sua vez, são facilmente gravados com áudio e tudo por câmeras digitais facilmente encontradas no mercado em módicas dez prestações no cartão de crédito (nosso velho costume do endividamento a médio e longo prazo). O mais difícil é divulgar a existência de seu vídeo e, mais ainda, fazer com ele seja atraente para o público em geral. Bom, isso não pode ser empecilho para que nós profissionais da ciência da informação não utilizemos esse recurso para divulgar idéias e transmitir conhecimentos. Afinal, se a literatura e o cinema já conseguiram glamourizar a profissão de professor de simbologia religiosa (quem não ouviu falar do Código Da Vinci de Dan Brown?), não é possível que não consigamos chamar a atenção para nós bibliotecários, não é mesmo?

Referências:

CAETANO, Saulo Vicente Nunes; FALKEMBACH, Gilse A. Morgental. You Tube: uma opção para uso do vídeo na EAD. 2007?. Disponível em: <http://moodleinstitucional.ufrgs.br/mod/resource/view.php?id=119078>. Acesso em: 03 out. 2010.

DALLACOSTA, Adriana et al. O Vídeo Digital e a Educação. 2004?. Disponível em: <http://moodleinstitucional.ufrgs.br/mod/resource/view.php?id=101606>. Acesso em: 03 out. 2010.

EGGERT, Gisela; MARTINS, Maria Emília Ganzarolli. Bibliotecário. Quem é? O que faz? Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v. l., n. l, p. 45-48, 1996. Disponível em: <http://moodleinstitucional.ufrgs.br/mod/resource/view.php?id=101607>. Acesso em: 03 out. 2010.

MERIGO, Carlos. Cervejas e mulheres. 2007. Disponível em: <http://www.brainstorm9.com.br/diversos/cervejas-e-mulheres/>. Acesso em: 03 out. 2010.

MORAN, José Manuel. O Vídeo na Sala de Aula. Comunicação & Educação, São Paulo, ano 2, n. 27 a 35, jan./abr. 1995. Disponível em: <http://moodleinstitucional.ufrgs.br/mod/resource/view.php?id=101605>. Acesso em: 03 out. 2010.

ROZADOS, Helen Beatriz Frota. Tema 4: Vídeo. FABICO/UFRGS, 2009?. Texto em apresentação de slides. Disponível em: <http://moodleinstitucional.ufrgs.br/course/view.php?id=10743>. Acesso em: 03 out. 2010.

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