segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Jornais eletrônicos ou impressos?

Hoje vou dedicar esse post a falar a respeito dos jornais eletrônicos. Mas, em primeiro lugar, o que são jornais eletrônicos? Jornais eletrônicos são aqueles que produzem, coletam e distribuem informações através de redes de computadores (Internet) ou meios digitais (ROZADOS, 2009?, online). Eles surgiram em meados da década de 90 e, em um primeiro momento, eram simples transposições da versão impressa para o meio digital, depois passaram a ser uma mescla dessa mesma versão impressa, mas com alguns toques de interatividade, e, após, passaram a ser produtos totalmente novos, dedicados à internet e bem diferentes da versão impressa, como bem colocam Mielniczuk (2001?, online) e Quadros (2002, online). O Jornal passou, então, de produto a serviço (ALVES, 2006, online), já que o leitor deixou de ler um produto acabado e passou, ele próprio, a escolher as notícias de seu interesse, formando o “seu jornal”, através de programas que permitem ao internauta selecionar as notícias que deseja saber, a hora que quiser.
Os jornais eletrônicos possuem caráter imediatista e interativo, pois a qualquer momento e de qualquer lugar, um jornalista “conectado” pode publicar um fato que está ocorrendo (veja bem, eu não disse “ocorreu”). Isso regado a um texto informal podendo conter imagem e, mais do que isso, som e vídeo (artifícios que não podem ser usados na versão impressa de um jornal). Além disso, os jornais eletrônicos permitem atualizações constantes e maior interatividade entre jornalista e público (MIELNICZUK, 2001?, online), que pode participar e contribuir através do próprio site ou mesmo por twitters e blogs. Soma-se a isso a possibilidade de na Internet podermos “linkar” para outros assuntos de maior interesse, pesquisar nos bancos de dados existentes ou, até mesmo, para a leitura sobre a mesma notícia, porém mais completa, com um texto maior. Um ponto muito interessante, tocado por Quadros (2002, online) é que os jornalistas que escrevem para os jornais eletrônicos devem perceber que estão agora escrevendo para o mundo e não para uma comunidade específica, dessa forma, globalizando a informação. Outra questão que chama a atenção é o custo muito menor de se produzir um jornal eletrônico comparativamente com o jornal impresso.
Talvez tudo o que eu escrevi sejam consideradas causas para a tão polêmica questão do fim do jornal em papel. Porém não acredito nisso. Creio que sejam produtos diferentes, cada qual com o seu espaço e seu público. Manta (1997, online) coloca em seu texto “O Fim do Jornal Impresso?que o jornal eletrônico é um instrumento complementar, podendo jornal impresso e jornal eletrônico conviverem juntos. Mas, é claro, tudo isso “mexeu” com os demais canais de informação, que se viram obrigados a se adaptar a essa nova tendência. Então, tudo isso fez com que determinados canais de informação alterassem seus produtos, até como forma de concorrência para sobreviver no mundo cada vez mais “internético”. Por exemplo, os jornais impressos estão “linkando” seus textos, que estão menores em tamanho, para outros assuntos que estão interligados, além disso, estão se valendo do uso de cores (ROZADOS, 2009?, online). Também estão se valendo dos jornais eletrônicos como fonte de informação para as notícias que são publicadas. Percebo não só no jornal impresso, mas também na TV, a veiculação de notícias de caráter atemporal, como muitas vezes encontramos nas revistas. Essa adaptação dos canais de comunicação vem ao encontro do “midiacídio” colocado por Alves (2006, online), que acredita na morte dos meios informacionais que não se adaptarem aos novos tempos de notícias na Internet.
E onde fica o bibliotecário nessa história? Acredito que o bibliotecário tenha sim o seu lugar nesse mercado de trabalho, já que para os links e para o armazenamento das informações “é preciso ter por trás da geração da notícia (...) um poderoso sistema de indexação, catalogação e entrega, através de ferramentas de gerenciamento de dados” (QUADROS, 2002, online). Alves (2006, online) também fala na indexação do meio digital como forma de acumular conteúdos. É claro que hoje em dia existem sistemas que executam esses serviços citados, mas também é claro que alguém deve pensar em como esses sistemas devem funcionar, para uma boa indexação e catalogação, a fim de que o usuário recupere a informação que necessita. E é nesse nicho que vejo o bibliotecário.


REFERÊNCIAS

ALVES, Rosental Calmon. Jornalismo digital: Dez anos de web… e a revolução continua. Comunicação e Sociedade, v. 9-10, p. 93-102, 2006. Disponível em: <http://moodleinstitucional.ufrgs.br/mod/resource/view.php?id=101617>. Acesso em: 25 out. 2010.

MANTA, André. O Fim do Jornal Impresso? Salvador: 1997. Disponível em:<http://www.facom.ufba.br/pesq/cyber/manta/Guia/cap18.html>. Acesso em: 25 out. 2010. 1997.

MIELNICZUK, Luciana. Características e implicações do jornalismo na Web. Salvador: FACOM/UFBA, 2001?. Disponívem em: <http://moodleinstitucional.ufrgs.br/mod/resource/view.php?id=101616>. Acesso em: 25 out. 2010.

QUADROS, Claudia Irene de. Uma breve visão histórica do jornalismo on-line. In: INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, XXV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Salvador, 2002. Disponível em: <http://moodleinstitucional.ufrgs.br/mod/resource/view.php?id=101615>. Acesso em: 23 out. 2010.

ROZADOS, Helen Beatriz Frota. Tema 6: Jornais Eletrônicos. Porto Alegre: FABICO/UFRGS 2009?. Texto em apresentação de slides. Disponível em: <http://moodleinstitucional.ufrgs.br/course/view.php?id=10743>. Acesso em: 23 out. 2010.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O YouTube EDU

Ainda dentro da discussão sobre o uso de vídeos na educação (post anterior), hoje falarei sobre onde se encontram esses vídeos no espaço cibernético.
Os tais vídeos tratados aqui ficam armazenados no que se chama de repositório de vídeos, sistemas que nos permitem recuperar, compartilhar e visualizar esses vídeos (RIBEIRO et al, 2009?) através da internet. Nesses sistemas as pessoas podem colocar os seus vídeos, sejam eles puro entretenimento e diversão ou com caráter mais educativo e informacional (geralmente, sem custo algum), e disponibilizá-los ao mundo. Assim, o vídeo está ali, para quem quiser acessar através de um clique. Bons exemplos de repositórios de vídeos são o YouTube e o Google Vídeos.



O acesso aos vídeos nesses repositórios tornou-se tão popular no mundo inteiro que a diversificação dos temas ali encontrados e o propósito de utilização dos vídeos rendeu os professores e pesquisadores, chegando à sala de aula e tornando-se uma fonte de informação. Assim, temos hoje os repositórios de vídeos educativos, que reúnem vídeos de caráter educativo, com o objetivo de auxiliar o professor na aula, seja complementando um assunto, com exemplos e práticas, seja dando uma matéria nova mesmo. Aqui temos um aspecto muito interessante, já que através do vídeo um professor pode ilustrar, por exemplo, uma reação química, que não poderia ser mostrada ao vivo, ou mesmo pode mostrar como se faz determinada cirurgia em animais, sem para tanto necessitar fazer a cirurgia. O uso de vídeos em aulas permite economia de tempo, dinheiro e, mais importante de tudo, poupa animais de experiências. Além disso tudo colocado, os repositório de vídeos educativos tornaram-se ótimos pontos de troca de idéias entre os pesquisadores, globalizando cada vez mais o conhecimento. E, como bem coloca DallaCosta (2007, p. 25), “... a utilização de vídeos... torna as nossas relações com o saber e a construção do conhecimento compatível com a realidade do nosso tempo.”
Um ótimo exemplo de repositório de vídeo educativo é o YouTube EDU. Lançado em março de 2009, nasceu voltado para as universidades (principalmente) e também para as escolas, composto por vídeos com passeios pelos campi das universidades, notícias sobre pesquisas, palestras de professores e cursos dos mais diversos assuntos, acompanhando o movimento mundial de vídeos educativos abertos (YOUTUBE, online, 2009 (01)). O YouTube EDU tem origem em um projeto voluntário de um grupo de funcionário que desejava coletar e armazenar o conteúdo educacional enviado por colégios e universidades ao YouTube; é considerado o melhor resultado não intencional da empresa, que acredita estar contribuindo para a democratização do ensino (YOUTUBE, online, 2009 (03)). Possui material de várias universidades do mundo (Estados Unidos, Inglaterra, França, Rússia, Brasil, só para citar alguns países) e desde outubro de 2009 o YouTube EDU é internacional, já que oferece vídeos em diversos idiomas (quando se entra na página, o idioma que aparece é o nosso próprio, porém é possível fazer a busca em outros idiomas) (YOUTUBE, online, 2009 (02)).



No YouTube EDU é possível pesquisar um vídeo utilizando termos livres, mas não se consegue refinar a pesquisa, a menos que se vá para o YouTube e lá se defina os parâmetros; também é possível publicar vídeos, bastando para isso inscrever-se.
Acesse o YouTube EDU e descubra tudo o que esse repositório tem a oferecer, porque vale a pena! Nossas aulas e trabalhos nunca mais serão os mesmos!


REFERÊNCIAS:

DALLACOSTA, Adriana. Os Usos Pedagógicos dos Vídeos Digitais Indexados. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2007. 195 f. Tese (Doutorado em Informática na Educação) - Programa de Pós-Graduação em Informática na Educação, Universidade Federaldo Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007. Disponível em: <http://www.adrianadallacosta.com.br/pdfs/000643030.pdf>. Acesso em: 18 out. 2010.

RIBEIRO, Patric da S. Ribeiro; FRANCISCATO, Fábio T.; MOZZAQUATRO, Patrícia M.; MEDINA, Roseclea D. Repositório de vídeos educacionais adaptado as necessidades tecnológicas de usuários de dispositivos móveis. Disponível em: <http://www.inf.pucminas.br/sbc2010/anais/pdf/wie/st05_04.pdf>. Acesso em: 18 out. 2010.

YOUTUBE. Higher Education for All. Broadcasting Ourselves ;) The Official YouTube Blog. 27 mar. 2009 (01). Disponível em: <http://youtube-global.blogspot.com/2009/03/higher-education-for-all.html>. Acesso em: 18 out. 2010.

 

YOUTUBE. Release Notes: 3/26/2009. Broadcasting Ourselves ;) The Official YouTube Blog. 26 mar. 2009 (03). Disponível em: <http://youtube-global.blogspot.com/2009/03/release-notes-3262009.html>. Acesso em: 18 out. 2010.

 

YOUTUBE. The Global Classroom on YouTube EDU. Broadcasting Ourselves ;) The Official YouTube Blog. 01 out. 2009 (02). Disponível em: <http://youtube-global.blogspot.com/2009/09/global-classroom-gets-bigger-with.html>. Acesso em: 18 out. 2010.
http://www.inf.pucminas.br/sbc2010/anais/pdf/wie/st05_04.pdf>. Acesso em: 18 out. 2010.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Vídeos na Educação?

Como eu já havia recordado em um post anterior, segundo muitos “uma imagem vale mais que mil palavras”. A mensagem desse dito popular de autoria desconhecida é de fácil compreensão tanto para leigos, como para publicitários e até mesmo para profissionais da ciência da informação. Mas será que é verdade? Será que o uso do recurso visual facilita tanto a transmissão de uma idéia? Diante desse questionamento, hoje vamos falar, então, do uso do vídeo como fonte de informação: como ele pode ser uma ferramenta auxiliar da construção do conhecimento e, ainda, analisar se seu auxílio realmente facilita esse processo.
Em primeiro lugar, o que é o vídeo afinal? Segundo ROZADOS (2009?), vídeo vem do latim videre, eu vejo, e significa, nos dias de hoje, uma gravação de imagens em movimento, isso é uma imagem animada resultante de processos de armazenamento eletrônicos. Percebam que o conceito de vídeo apresentado nos remete à idéia não só de uma imagem, mas também de movimento. Para prender a atenção do receptor da mensagem, tão interessante quanto a imagem em si, é a seqüência de imagens ou movimentos que são exibidos junto com a idéia central que for apresentada. Dallacosta et al (2004?) salientam ser fundamental que sejam utilizados elementos do cotidiano dos espectadores para a construção do conhecimento, o que leva esses autores a concluir que é indispensável a utilização de vídeos na atualidade. A conclusão dos autores faz todo o sentido quando verificamos que os profissionais da ciência da informação já se renderam ao encanto da apresentação visual inclusive como forma de divulgar seu trabalho. É... Não está fácil convencer um estudante recém saído dos bancos escolares do ensino médio que ser bibliotecário é bacana. As inúmeras referências televisivas e cinematográficas a profissões como médico, advogado, jornalista, entre outras, faz com que a ciência da informação não esteja exatamente revestida de muito glamour (Hollywood ainda não nos descobriu, pelo jeito). Por isso mesmo, interessante a iniciativa descrita por Eggert e Martins (1996) de produzir um vídeo para divulgar a carreira de bibliotecário e conscientizar a sociedade de sua importância. Nossa mensagem não vai ser levada ao público em geral sem difusão e, mais importante, sem algum apelo visual que prenda a atenção do espectador. A atenção e aprendizado envolvem diversos sentidos. Assim, a possibilidade de usar a visão e audição de forma simultânea tende a fazer com que o receptor capte melhor a mensagem que é transmitida. Essa idéia também é confirmada no texto de Caetano e Falkembach (2007?), em que os autores colocam que o vídeo é uma ferramenta poderosa no que se refere à transmissão de informação aos alunos. Esses autores colocam que o aluno assiste aos vídeos de forma passiva, os quais se direcionam mais à efetividade do que à razão, desse modo, a informação transforma-se em conhecimento.
Moran (1995), em seu texto “O Vídeo na Sala de Aula”, apresenta as propostas de utilização de vídeo em sala de aula: sensibilização (provoca a curiosidade do estudante), ilustração (coloca imagem nos textos dos alunos), simulação (de reações químicas, de procedimentos médicos, de experiências), conteúdo de ensino (de forma direta – trata de tema específico - ou indireta – diversas abordagens), produção (documentação, intervenção e expressão), avaliação (do aluno, do professor), espelho (para compreensão de si mesmo) e integração/suporte (com outros meios de comunicação e com outras mídias).
Claro, devemos evitar o caminho mais fácil para atrair a atenção. Senão, estaremos nos igualando às campanhas publicitárias de cervejarias, que invariavelmente usam mulheres bonitas em trajes sumários e alusões ao verão para divulgar seu produto. Como disse MERIGO (2007)), não há ilustração de dados científicos comprovando o sucesso de uma cerveja devido a sua relação com sexualidade, embora esse blogueiro afirme que “um amigo que já trabalhou com a cerveja líder do país”, após intensa pesquisa de campo, lhe disse: “se não tiver cartaz de mulher pelada no ponto-de-venda, vende menos.” O próprio blogueiro indaga: será? Na minha leiga opinião sequer há uma preocupação com a marca nesse tipo de anúncio, pois todas as propagandas são iguais e, no final o público lembra é da Juliana Paes no balcão, e não da marca do produto. O objetivo da campanha é só fomentar o consumo da bebida. Primeiro se convence o indivíduo que “para se dar bem” tem que beber cerveja. A escolha de uma marca, bom, isso se consolida depois tentando exclusividade com o dono do botequim... O desafio no uso do vídeo é, portanto, usar a ferramenta audiovisual com conteúdo, atraindo a atenção do público sem cair no escracho.
Os textos referidos acima, especialmente os de Rozados e Dalacosta et al, dão inúmeras opções de mídias digitais para a confecção de vídeos. Com ferramentas com a página do Youtube na rede digital de computadores (a nossa conhecida Internet) é muito fácil registrar os vídeos que, por sua vez, são facilmente gravados com áudio e tudo por câmeras digitais facilmente encontradas no mercado em módicas dez prestações no cartão de crédito (nosso velho costume do endividamento a médio e longo prazo). O mais difícil é divulgar a existência de seu vídeo e, mais ainda, fazer com ele seja atraente para o público em geral. Bom, isso não pode ser empecilho para que nós profissionais da ciência da informação não utilizemos esse recurso para divulgar idéias e transmitir conhecimentos. Afinal, se a literatura e o cinema já conseguiram glamourizar a profissão de professor de simbologia religiosa (quem não ouviu falar do Código Da Vinci de Dan Brown?), não é possível que não consigamos chamar a atenção para nós bibliotecários, não é mesmo?

Referências:

CAETANO, Saulo Vicente Nunes; FALKEMBACH, Gilse A. Morgental. You Tube: uma opção para uso do vídeo na EAD. 2007?. Disponível em: <http://moodleinstitucional.ufrgs.br/mod/resource/view.php?id=119078>. Acesso em: 03 out. 2010.

DALLACOSTA, Adriana et al. O Vídeo Digital e a Educação. 2004?. Disponível em: <http://moodleinstitucional.ufrgs.br/mod/resource/view.php?id=101606>. Acesso em: 03 out. 2010.

EGGERT, Gisela; MARTINS, Maria Emília Ganzarolli. Bibliotecário. Quem é? O que faz? Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v. l., n. l, p. 45-48, 1996. Disponível em: <http://moodleinstitucional.ufrgs.br/mod/resource/view.php?id=101607>. Acesso em: 03 out. 2010.

MERIGO, Carlos. Cervejas e mulheres. 2007. Disponível em: <http://www.brainstorm9.com.br/diversos/cervejas-e-mulheres/>. Acesso em: 03 out. 2010.

MORAN, José Manuel. O Vídeo na Sala de Aula. Comunicação & Educação, São Paulo, ano 2, n. 27 a 35, jan./abr. 1995. Disponível em: <http://moodleinstitucional.ufrgs.br/mod/resource/view.php?id=101605>. Acesso em: 03 out. 2010.

ROZADOS, Helen Beatriz Frota. Tema 4: Vídeo. FABICO/UFRGS, 2009?. Texto em apresentação de slides. Disponível em: <http://moodleinstitucional.ufrgs.br/course/view.php?id=10743>. Acesso em: 03 out. 2010.