segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Separando o joio do trigo


Uma coisa que tem que ficar muito clara para nós é que nem tudo que está na internet tem qualidade, é verdade, é original, é confiável, enfim, há um sem número de características que poderíamos ficar aqui elencando. E como bem coloca TOMAEL et al, (200?) “alguém que passe certo tempo surfando na Web acaba por encontrar o bom, o mau e o feio, isto porque, devido à abertura do sistema, qualquer pessoa pode colocar qualquer tipo de informação na Internet”. É claro, a internet trouxe um mundo de informações a nossa porta e isso modificou a sociedade em que vivemos (há quem chame de Quarta Revolução o que estamos passando hoje), ou seja, todo esse blábláblá que já conhecemos. Mas a discussão aqui não é essa. A questão que se quer colocar em pauta é: até que ponto se pode utilizar a internet (hoje discutiremos os blogs apenas) como um canal crível de comunicação?

Os blogs, essas tão fascinantes e acessíveis ferramentas que a internet nos oferece, escritas por qualquer um que queira ter um blog e se tornar um blogueiro, nem sempre são fontes verossímeis de informação. ALVIM (2008), em “A Avaliação da Qualidade de Blogues”, coloca que os blogs devem ser autênticos, íntegros, atualizados e confiáveis para serem considerados como um bom canal de informação. Para tanto, a autora propõe a utilização de uma série de critérios a serem aplicados aos blogs:
- Tema: verificação da amplitude e da profundidade do tema.
- Conteúdos: certificação de quem é o autor que escreve; precisão, atualidade e originalidade das informações expostas; e qualidade da escrita.
- Acesso e facilidade de uso: formas de pesquisa dentro do blog, organização, estabilidade do blog, existência de links (vídeos, imagens, gráficos, etc.), idioma e acessibilidade.
- Desenho gráfico: aparência (layout).
- Público e objetivos: metas, usuários, contador de visitas e participação do público.
- Divulgação: patrocínios e avaliações recebidas por sistemas.
- Custos: hospedagem do blog paga ou não paga.
Já para JIMÉNEZ HIDALGO e SALVADOR BRUNA (2007), em “Evaluación formal de blogs con contenidos académicos y de investigación en el área de documentación”, é de suma importância que os blogs possuam uma via de troca de informação entre autor e usuários. Além disso, eles colocam que a atualização é outro item a ser considerado na avaliação dos blogs. A atualização demonstra zelo e preocupação do autor com o que ele está oferecendo aos seus leitores. A veracidade e a qualidade dos conteúdos postados também são itens considerados pelos autores.
Convém falar também a respeito dos tipos de blogs. Segundo PRIMO (2008) existem quatro tipos de blogs, a saber: profissional, pessoal, grupal e organizacional. As diferenças entre eles ficam mais evidentes se analisarmos os seus subtipos.
Em “Blogs e seus gêneros: Avaliação estatística dos 50 blogs mais populares em língua portuguesa, PRIMO (2008) informa que o blog profissional se caracteriza por ser individual e por sua especialização de seu autor em determinada área, podendo não só isso ser identificado em seus posts, como sendo essa sua atuação profissional o respaldo para o leitor e razão de seu interesse no blog. É possível que impressões pessoais sejam colocadas no blog, mas isso não inviabiliza que o blog se torne fonte de rendimentos e atividade profissional. São subtipos do blog profissional: profissional auto-reflexivo (onde o blogueiro reflete sobre suas próprias atividades em seu campo de atuação), profissional informativo interno (onde o profissional descreve informações sobre suas práticas), profissional informativo (no qual os posts estão direcionados principalmente para a divulgação de textos sobre a atividade principal do autor) e profissional reflexivo (em que o blog individual tem como cerne opiniões e críticas relacionadas à sua área de atuação profissional).
Continuando, o blog pessoal é caracterizado por não possuir objetivos nem estratégias. Resultam da necessidade das pessoas expressarem-se e interagir umas com as outras. Podem conter piadas, fofocas ou, até mesmo, podem atuar como repositório de informações. São subtipos do blog pessoal: pessoal auto-reflexivo (onde o blogueiro reflete sobre sua própria vida, a dos outros e sobre a vida cotidiana), pessoal informativo interno (como se fosse um diário, em que o blogueiro relata viagens, festas, etc.), pessoal informativo (os posts estão direcionados principalmente para a divulgação de informações que o autor julga ser interessantes) e pessoal reflexivo (tem como cerne opiniões e críticas relacionadas à área cultural).
Já o blog grupal caracteriza-se por ser escrito por pelo menos dois autores, com posts individuais e/ou em grupo, foca-se na troca de informações e no convívio entre os participantes. São subtipos do blog grupal: grupal auto-reflexivo (o grupo discute as suas próprias atividades), grupal informativo interno (o grupo relata as suas atividades), grupal informativo (o grupo divulga informações e notícias) e grupal reflexivo (o grupo discute assuntos de interesse comum).
E, finalmente, o blog organizacional é caracterizado pelo objetivo, por sua organização e pelas relações de hierarquia entre os seus membros, que publicam os seus posts conforme a cultura organizacional. São subtipos do blog organizacional: organizacional auto-reflexivo (reflexão a respeito das atividades da organização), organizacional informativo interno (publicação de notícias e avisos de cunho interno à organização), organizacional informativo (registro de informações a respeito da área de atuação da organização) e organizacional reflexivo (manifestação de opiniões).
Bem, analisar os tipos de blogs e tentar classificá-los tem um importante papel didático e nos auxilia a tentar entender os diferentes tipos de informações relevantes (as irrelevantes não interessam) existentes na web. Mas essa classificação só terá valor se soubermos realmente buscar as informações que nos interessam e direcionar nossas buscas para blogs que tratem de assuntos que sejam de nosso interesse. Por enquanto, ficam as ferramentas para classificar a vasta informação que nos é colocada à disposição, como foram expostas no início desse post. O próximo passo é saber utilizar os critérios de avaliação de qualidade e filtrar dentro dos tipos (e seus subtipos) aquilo que realmente nos servem nos blogs. Até a próxima!


Referências:


ALVIM, Luísa. A Avaliação da Qualidade de Blogues. Aveiro : Universidade de Aveiro, 2008. Disponível em: <http://moodleinstitucional.ufrgs.br/mod/resource/view.php?id=112930>. Acesso em: 27 ago. 2010.




JIMÉNEZ HIDALGO, Sonia; SALVADOR BRUNA, Javier. Evaluación formal de blogs con contenidos académicos y de investigación en el área de documentación. In: El profesional de la información, mar./abr. 2007, v. 16, n. 2, p. 114-122. Disponível em: <http://moodleinstitucional.ufrgs.br/mod/resource/view.php?id=112929>. Acesso em: 27 ago. 2010.




PRIMO, Alex. Blogs e seus gêneros: Avaliação estatística dos 50 blogs mais populares em língua portuguesa. In: XXXI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação - Intercom 2008, Natal. Anais, 2008. Disponível em: <http://moodleinstitucional.ufrgs.br/mod/resource/view.php?id=112932>. Acesso em: 27 ago. 2010.




TOMAÉL, Maria Inês et al. Avaliação de Fontes de Informação na Internet: critérios de qualidade. Disponível em: <http://moodleinstitucional.ufrgs.br/mod/resource/view.php?id=112931>. Acesso em: 27 ago. 2010.

domingo, 22 de agosto de 2010

Além do blog

Um blog... O que é exatamente um blog? E o que nos fascina tanto para que manifestemos nossas opiniões no twitter ou registremos nossa vida em imagens para desconhecidos (e conhecidos também) no fotolog?

Em meu primeiro post (que chique, hein?) resolvi propor uma reflexão sobre o alcance das informações postadas nos blogs e como direcioná-las para um multiplicador da ciência da informação, discorrendo brevemente sobre a causa do crescimento dos blogs para lançar o desafio de torná-los aliados do estudo da ciência da informação.

A bem da verdade, um dos motivos do grande fascínio dos blogs, como bem coloca BARROS (200?), é que qualquer pessoa pode criar o seu. Deixamos de ser “comentaristas de botequim” e passamos a ter nossas opiniões divulgadas em meio digital de forma a permitir o acesso de inúmeras pessoas, o que nos torna protagonistas por um instante. Mesmo que em muitas vezes poucos efetivamente acessem nossas idéias, elas estão lá, para dizer ao mundo o que pensamos, ou mesmo para que alguns possam sentir o gostinho de celebridade por um minuto, postando o seu dia-a-dia como se paparazzis estivessem ávidos por atualizações de nossas atividades.

Evidente que grande parte da divulgação pessoal no ambiente virtual da internet tem relação com o ego das pessoas. Como bem expõe RECUERO (2007), os fotologs estão centrados no “eu” do blogueiro com primazia em imagens do próprio detentor da página. Não raro há uma ausência de imagens alheias que lhe chamem a atenção ou que reforcem suas idéias. Isso, contudo, não inviabiliza o poder de atração dos blogs e especialmente do microblog - o twiter – onde mais fácil é a manifestação de simples pensamentos, pois não se presta para textos mais elaborados, mas para simples “mensagens”, partindo da premissa que outras pessoas queriam ler o que temos a dizer.

Entretanto, é preciso que vejamos a internet não apenas como uma fonte pessoal de manifestação ou de notícias rápidas. Como expõe SOUSA et al (2007) trata-se de uma ferramenta de aprendizado fantástica com potencial imenso para boas práticas de gestão da informação. Ao invés de condenarmos a grande quantidade de informação apócrifa no mundo virtual ou a ausência comum de indicação das fontes, devemos, como profissionais da informação provocar as pessoas para que passem a mencionar suas fontes de pesquisa e que inclusive incluam os links das páginas que serviram de base ou inspiração para suas postagens (quando houver) para que a troca e a disseminação de informações realmente resultem em uma interação quanto às origens da formação de nossa opinião.

Não há novidade no que estou dizendo, mas bem sabemos que quanto mais pessoas dizem uma coisa na web, mais ela começa a ser aceita pelos usuários dessa ferramenta. Então, mãos à obra! Vamos tratar de disseminar a cultura da informação com respeito às suas fontes, e torcer para que comecemos a ter também nossos “seguidores” fora do círculo dos profissionais da ciência da informação.





Referências:


BARROS, Moreno Albuquerque de. Blogs e Bibliotecários. Universidade Federal Fluminense. Disponível em: <http://moodleinstitucional.ufrgs.br/mod/resource/view.php?id=101566>. Acesso em: 20 ago. 2010.


RECUERO, Raquel. Tipologia de Redes Sociais Brasileiras no Fotolog.com. Disponível em: <http://moodleinstitucional.ufrgs.br/mod/resource/view.php?id=101568>. Acesso em: 20 ago. 2010.

SOUSA, Paulo Jorge et al. A Blogosfera: perspectivas e desafios no campo da Ciência da Informação. Disponível em: <http://moodleinstitucional.ufrgs.br/mod/resource/view.php?id=101567>. Acesso em: 20 ago. 2010.